Inflação do verão SOBE 16% e dificulta vida dos brasileiros

A chamada “inflação do verão” veio com mais força que o desejado no país. A saber, o termo se refere aos produtos e serviços cuja busca aumenta nessa estação do ano. E os brasileiros estão precisando adaptar seus gastos aos novos valores registrados no país.

De acordo com um levantamento realizado pela XP Investimentos, os preços de produtos e serviços mais consumidos no verão dispararam 16,6% no acumulado de 2022, em comparação ao nível registrado no ano anterior.

A saber, a taxa é bem superior à variação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 5,79% no ano passado. Aliás, o IPCA é considerado a inflação oficial do Brasil, ou seja, os preços subiram bem mais durante o verão que em todo o ano passado, em média.

O levantamento revelou que as passagens aéreas registraram o maior avanço no ano passado, figurando como as “vilãs” da inflação. Confira abaixo os itens cujos preços mais subiram em 2022, impulsionando a inflação do verão no país.

Passagens aéreas: 23,5%
Sorvete: 20,1%
Hospedagem: 18,2%
Pacotes turísticos: 17,2%
Água e refrigerante: 12,4%

Vale destacar que a expectativa é que os preços destes itens também subam em 2023. No entanto, os analistas projetam um avanço mais tímido, quando comparado ao registrado no ano passado. Pelo menos é isso o que revela a economista da XP, Tatiana Nogueira.

“Parte da elevação recente foi para corrigir custos represados. A passagem aérea, por exemplo, deve subir bem menos este ano do que em 2022, mas ainda fica com variação positiva”, explicou a economista.

Pandemia da covid-19 afetou empresas

A saber, os aumentos nos preços registrados no ano passado aconteceram por diversos motivos. De acordo com as empresas aéreas, a disparada nos valores das passagens aéreas aconteceu, em grande parte, devido à alta dos preços do querosene de aviação (QAV) nos últimos anos.

A economista Tatiana Nogueira lembrou que a Petrobras reduziu cinco vezes consecutivas o preço do QAV no país no últimos meses. Contudo, as companhias aéreas vêm alegando que essas reduções ainda não compensaram a alta dos custos nos últimos anos.

Em resumo, a pandemia da covid-19 afundou o transporte aéreo global para um patamar nunca antes visto. Com a defesa do distanciamento social para evitar a disseminação do coronavírus, muitos países fecharam suas fronteiras. Ao mesmo tempo, a população foi bastante incentivada para adiar viagens e ficar em casa.

Tudo isso fez o setor aéreo perder muito dinheiro, o que pressionou o aumento dos custos já em 2021, quando o setor começou a se recuperar dos impactos da crise sanitária. As medidas de restrição de mobilidade provocaram um prejuízo enorme para as empresas aéreas, que “ainda estão lutando para contornar os prejuízos do período”, disse s economista.

Ainda assim, a expectativa é que os preços subam de maneira menos intensa neste ano. Isso não quer dizer que os preços mais consumidos durante o verão ficarão mais baratos. Pelo contrário, eles deverão ficar ainda mais caros que em 2022, mas a alta deverá ser um pouco mais tímida neste ano.

Em síntese, os preços não deverão subir muito devido aos seguintes fatores:

Consumo menor que o esperado;
Vendas mais fracas no final do ano passado;
Promoções para reduzir estoques.

Estes foram os principais fatores citados por Tatiana, que acredita na desaceleração dos preços de produtos e serviços mais consumidos durante o verão no Brasil.

“A demanda não cai só porque o crédito está mais caro e com o poder de compra do brasileiro diminuindo. O fato é que São Pedro deu uma ajudinha, com temperaturas mais baixas neste verão”, disse a economista.

Juros elevados limitam atividade econômica

Nesta segunda-feira (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a discussão sobre a inflação precisa acontecer com “sobriedade”. A saber, as declarações do ministro ocorreram após as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta para a inflação no Brasil em 2023.

Segundo o presidente Lula, o aumento dos juros ajuda a desacelerar a atividade econômica do país. E isso pode ser visto na redução das compras dos brasileiros, como citado pela economista Tatiana Nogueira.

Em suma, o Banco Central (BC) eleva a taxa básica de juro da economia, a Selic, para tentar conter a alta da inflação no país. Com o aumento dos juros, reduz-se o poder de compra do consumidor, uma vez que o crédito fica mais caro no país.

Assim, o nível de consumo diminui, enfraquecendo a atividade econômica brasileira, uma vez que o consumo das famílias é um dos principais motores da economia. E, quanto menor a demanda, menores tendem a ficar os preços, assim como já vem ocorrendo neste ano.

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