Indicador de Emprego da FGV avança, mas segue em nível BAIXO

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) avançou levemente em fevereiro, após iniciar o ano em queda. No segundo mês de 2023, o índice teve alta de 0,8 ponto, na comparação com janeiro, eliminando toda a queda registrada naquele mês, também de 0,8 ponto.

Com o acréscimo do resultado de fevereiro, o IAEmp chegou a 74,7 pontos. Já em médias móveis trimestrais, o índice subiu 0,5 ponto, para 74,4 pontos. Embora tenha fechado o mês em alta, o indicador segue em nível historicamente baixo.

Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. Muitos trabalhadores sofreram com a redução da renda ou mesmo com a perda do emprego e, nesse período, o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.

Para quem não lembra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em março de 2020, e, no mês seguinte, o indicador caiu para 39,7 pontos. Em 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo ficou negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos.

Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação ainda menos favorável em 2022. Já em 2023, a situação se mantém a mesma, visto que o indicador teve variações opostas, mas na mesma intensidade, nos dois primeiros meses deste ano, ou seja, mantém-se no mesmo nível que em dezembro de 2022.

Vale destacar que o índice continua bem distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. Em suma, o indicador ainda não conseguiu se recuperar totalmente das perdas impostas pela pandemia. A propósito, o IAEmp é medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).

Mercado de trabalho brasileiro preocupa

De acordo com Anna Carolina Gouveia, economista do FGV Ibre, os dados de fevereiro, apesar de positivos, confirmam o pessimismo no país. Isso porque as expectativas para o mercado de trabalho brasileiro estão muito tímidas, indicando que não deverá ocorrer uma forte recuperação do emprego neste ano.

Inclusive, em dezembro do ano passado, o IAEmp subiu 1,6 ponto, mas isso não indicava uma recuperação do mercado de trabalho do país. À época, o economista FGV Ibre, Rodolpho Tobler, afirmou que seria necessário aguardar novos dados para ver se a tendência de alta iria se manter.

Com a chegada do resultado de janeiro, viu-se que o indicador de emprego voltou a cair no país. Assim, a trajetória de alta não se concretizou e o índice apresentou mais um dado negativo. Agora, em fevereiro, aconteceu a mesma coisa que no último mês de 2022, ou seja, a alta não significa recuperação do indicador de emprego no país.

“Após os resultados negativos do fim de 2022, o bimestre inicial de 2023 mostra um indicador que caminha de lado e se mantém em patamar historicamente baixo. As expectativas de desaceleração econômica do ano têm impactado o ímpeto de contratação de pessoal ocupado das empresas, impedindo que o IAEmp volte a ganhar fôlego em 2023”, avaliou Anna Carolina Gouveia.

Nos últimos anos, a pandemia derrubou o indicador no país, prejudicando o mercado de trabalho. No entanto, em 2023, os principais fatores negativos envolvem a atividade econômica brasileira e as dificuldades que o país enfrentará para conseguir crescer.

“A inversão para uma trajetória positiva e sustentável nos próximos meses dependerá da melhora do quadro macroeconômico e da evolução positivas das atividades setoriais”, avaliou a economista.

Três dos sete componentes do indicador sobem no mês

De acordo com os dados do levantamento, três dos sete componentes do IAEmp subiram no mês passado. Por outro lado, dois componentes encerraram fevereiro em queda, enquanto os dois restantes se mantiveram estáveis em relação a janeiro. Veja abaixo a variação de cada componente em novembro:

Serviços – Emprego Previsto: +0,4 ponto;
Serviços – Tendência dos Negócios: +0,4 ponto;
Serviços – Situação Atual dos Negócios: 0,0 ponto;
Indústria – Emprego Previsto: 0,0 ponto;
Indústria – Tendência dos Negócios: -0,7 ponto;
Indústria – Situação Atual dos Negócios: +0,8 ponto;
Consumidor – Emprego Local Futuro: -0,1 ponto.

Vale destacar que o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.

Desemprego recua no Brasil

Embora as expectativas para 2023 não sejam tão positivas, os dados referentes aos últimos meses do ano passado mostram a recuperação do mercado de trabalho brasileiro.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, o valor médio anual da taxa de desocupação ficou em 9,3% em 2022. Em síntese, esse percentual é ficou 27,9% menor que o registrado no ano anterior, o que representa uma queda 3,9 milhões de pessoas nessa condição no país.

Por fim, o valor médio anual da população desocupada somou 10 milhões de pessoas no ano passado. Ao considerar apenas o quarto trimestre, os dados foram ainda mais positivos, com 8,6 milhões de desempregados no país. Contudo, apesar da melhora dos dados, a taxa de desemprego no Brasil ainda é muito elevada e o governo federal tenta reduzi-la cada vez mais.

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