Fitch: Agência de classificação de risco eleva a nota de crédito do Brasil a “BB”
A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável, reconhecendo o desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado nos últimos anos, apesar dos sucessivos choques enfrentados pelo país.
A Fitch destacou as novas regras fiscais e medidas tributárias anunciadas pelo governo federal e em tramitação no Congresso Nacional, que podem ancorar uma consolidação fiscal gradual. A agência ressaltou que políticas proativas e reformas têm apoiado esse cenário e espera que o novo governo trabalhe para aprimorar ainda mais a situação econômica.
O Ministério da Fazenda comemorou a elevação da nota de crédito, enfatizando que isso reflete os esforços do governo para fortalecer o ambiente econômico e promover a consolidação fiscal. A nota também reflete a expectativa de que o país continue implementando reformas econômicas importantes.
Fitch e a visão de outras agências
Com essa decisão, a Fitch se torna a primeira agência de classificação de risco a melhorar a perspectiva do Brasil. No mês anterior, a Standard & Poor’s revisou a perspectiva de longo prazo do país de estável para positiva. A Moody’s, por sua vez, mantém a nota Ba2 com perspectiva estável, mantendo todas as notas abaixo do grau de investimento.
A Fitch também revisou sua previsão de crescimento econômico do Brasil para 2,3% neste ano, uma melhora significativa em relação à projeção anterior de 0,7%. A agência atribui essa previsão ao ímpeto econômico em 2023, impulsionado por uma recuperação pós-pandemia, uma safra agrícola abundante e um mercado de trabalho forte.
Apesar do otimismo, a Fitch prevê uma desaceleração do crescimento para 1,3% em 2024, seguida de uma convergência para uma tendência de crescimento de 2% nos anos seguintes. A agência também alerta para o resultado primário do governo, que deve ficar nas faixas mais baixas da meta de 0% do PIB em 2024 e em 0,5% em 2025, com riscos negativos. A dívida pública também foi estimada em 75% do PIB em 2023.
O papel de uma agência de classificação de risco
As agências de classificação de risco, como a Fitch, desempenham um papel fundamental nos mercados financeiros, pois suas avaliações influenciam as decisões de investidores, empresas e governos em todo o mundo. Essas agências realizam análises detalhadas da capacidade de um país ou empresa honrar suas obrigações financeiras, emitindo notas de crédito que refletem o nível de risco associado a seus títulos e dívidas.
Uma classificação de crédito mais alta, como a recente elevação da nota do Brasil pela Fitch, indica menor risco de inadimplência e pode atrair mais investidores para o país, diminuindo o custo do crédito e impulsionando o crescimento econômico. Por outro lado, uma classificação mais baixa pode resultar em maiores taxas de juros e dificuldades para captar recursos nos mercados internacionais.
No entanto, é importante observar que as agências de classificação de risco também enfrentam críticas, pois algumas delas foram acusadas de falhas em prever crises financeiras e de terem um viés pró-cíclico, ou seja, reforçarem tendências do mercado em vez de antecipá-las.
Além disso, a concentração de poder em poucas agências, como a Fitch, Standard & Poor’s e Moody’s, levantou preocupações sobre sua influência desproporcional nos mercados globais e a falta de concorrência no setor.
Risco e investimento
Em conclusão, a elevação da nota de crédito do Brasil por uma agência de classificação de risco como a Fitch é um sinal positivo para a economia do país e reflete o reconhecimento dos esforços do governo em promover a estabilidade macroeconômica e a consolidação fiscal. No entanto, é fundamental que o país continue avançando em suas reformas e políticas econômicas responsáveis para sustentar esse progresso.
Além disso, é importante que os investidores levem em consideração as avaliações das agências de risco, mas também considerem outras fontes de informação e análises para tomar decisões de investimento bem fundamentadas. A diversificação e a análise cuidadosa são essenciais para enfrentar os desafios e oportunidades nos mercados financeiros globais.