FED anuncia redução de estímulos

O banco central americano, o FED, anunciou em reunião, nessa quarta-feira, 3, que reduzirá os estímulos à economia americana já nas próximas semanas. Conforme relatamos aqui há algumas semanas, o movimento era esperado pelo mercado para o ano que vem, mas a inflação alta adiantou os planos.

Agora o chamado tapering virou realidade, e economistas ficam atentos à economia americana para ver como ela se comporta. Além disso, o FED manteve as taxas de juros.

FED volta das compras

Com o anúncio oficial de hoje, o FED sinalizou que vai parar de recomprar títulos da dívida americana de bancos e pessoas físicas. Com isso, o banco central vai diminuir os estímulos à economia, o que deve arrefecer a inflação.

Dessa forma, o FED vai cessar as compras mensais de US$120 bilhões e passa, agora, a gastar US$15 bilhões. Essa diminuição no ritmo pode sofrer variações, segundo a nota. O maior pico de queda das compras é esperado para dezembro.

Nos Estados Unidos, o aumento de preços já ultrapassa a casa dos 5%, um patamar elevado para a economia de lá. Com a inflação global, bancos centrais europeus também começam a preparar um aumento da taxa de juros. Essa medida de aumentar os juros, conhecida como hawkish, afeta principalmente mercados emergentes.

Isso porque ao aumentar os juros nos países desenvolvidos, os bancos centrais dos emergentes, como o Brasil, são forçados a aumentar mais ainda seus juros, buscando dar um risco-retorno adequado aos investidores internacionais. Dessa forma, mesmo que a atual Selic esteja em 7,75%, investidores ainda preferem a segurança (e os retornos mais baixos) do governo americano, por exemplo.

Por outro lado, o mercado acredita que a taxa de juros americana subirá já no primeiro semestre de 2022. Apesar disso, o FED manteve, hoje, os juros na casa dos 0% a 0,25%, conforme as taxas anteriores. Para o Brasil, isso significa que o Banco Central pode, sim, manter o aumento previsto de 1,5 p.p. para a reunião em dezembro.

FED
Foto: Reuters

E em 2022?

Ainda é incerto o que vai ocorrer no início do ano que vem, mas se o FED aumentar os juros americanos, o Banco Central do Brasil precisará aumentar ainda mais seus juros. Por isso, analistas já começam a acreditar em uma Selic de dois dígitos.

Recentemente, o Itaú previu uma taxa selic de 9,25% no fim do ano, chegando a 11% no ano que vem. Caso a previsão esteja correta, essa seria a maior Selic desde maio de 2017.

Com esses reajustes fortes para cima, a economia do Brasil poderia sofrer graves danos e entrar em uma recessão profunda, substituindo a “recessão moderada” que o Itaú previu para a economia no ano que vem. Assim, o mercado já precifica uma taxa DI, em janeiro de 2023, na casa dos 12%. Para janeiro do ano que vem, o mercado acredita em uma DI de 8,37%, aproximadamente.

Caso essas taxas se confirmem e o FED aumente os juros nos EUA, a renda fixa no Brasil se tornará altamente lucrativa. Apesar disso, os rendimentos reais estão negativos. Esse cálculo é feito descontando da taxa Selic a inflação. Como a inflação está mais alta que a Selic, os retornos, na verdade, são negativos.

 

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