Dólar atinge R$5,70 com crises no governo
O dólar atingiu o valor máximo desde abril com a saída de funcionários do governo e com a crise do teto de gastos. Com isso, investidores temem uma bagunça fiscal e preferem sair do país.
A moeda, que chegou a ser cotada abaixo dos R$5,00 é uma das principais causadoras de aumento de preços no Brasil.
A culpa é do mercado financeiro?
O dólar oscila de acordo com a política brasileira e isso tem um motivo bastante forte. Mas antes, é necessário entender como que isso acontece e, claro, os motivos. Vamos tentar fazer isso em palavras simples.
Os investidores de fora do Brasil são responsáveis por quase 50% do dinheiro que rola na bolsa daqui. Por isso, esses investidores estão sempre de olho no que está acontecendo na política nacional e fazendo perspectivas para o futuro.
Quando eles acham que o governo está desestabilizando o país ou está tomando medidas econômicas erradas, eles retiram seus dinheiros, transformando-os em dólar. Por isso, eles vendem as ações para comprar a moeda americana. É daí que surge a correlação negativa: quando a bolsa cai, o dólar sobe. E vice-versa.
Porém, quando os investidores veem no governo uma fonte de estabilidade política e toma decisões de acordo com aquilo que se propôs a fazer, os investidores passam a confiar mais no país, trazendo dinheiro para cá, fazendo com que o dólar caia.
É claro que o mercado tem preferências por políticas liberais, mas de certa forma ele também apoia algumas medidas de intervenção do governo. Mas a verdade é que o mercado gosta de estabilidade. Então, independente do governo, ele quer ver as coisas funcionando sem brigas.
Dólar estourando!
Com a instabilidade do país em relação ao teto de gastos, a demissão dos funcionários do alto escalão e um novo auxílio decretado ontem (21), o dólar disparou em alta de quase 1% até agora.
Dessa forma, a moeda já passou dos R$5,70, um valor que não era visto desde abril. Com isso, gradativamente, a economia começa a sentir os efeitos. Daqui um mês, ou menos, podemos esperar um novo reajuste nos combustíveis, caso a moeda não caia de forma relevante. Ainda, podemos esperar alimentos importados (normalmente os dependentes do trigo) subindo de preço nas prateleiras, além de um aumento nos eletrônicos, como notebooks, celulares e afins.
Além disso, podemos ver um desemprego ainda maior na economia, dado que as atividades exportadoras são, majoritariamente, intensivas em tecnologia, ou seja, a força de trabalho do Brasil é mais voltada ao mercado interno. Com a economia daqui indo mais devagar, a criação de empregos também vai mais devagar.
Resumindo tudo, é ruim para grande parte da economia que o dólar esteja alto. Nesse momento, uma instabilidade política atrapalha as perspectivas de crescimento, que já estão na casa do 1% para 2022. Alguns bancos preveem alta de 0,6% para o ano que vem.