Desigualdade social: IBGE relaciona renda e raça no Brasil
Recentemente, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lançou nova pesquisa acerca de Desigualdade Social e raça no país. Dessa forma, foi possível entender melhor quais são as pessoas de renda mais baixa.
O estudo se chama “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”. Ele, então, busca demonstrar os índices de renda familiar dos brasileiros. Além disso, a pesquisa demonstra que estes números são diferentes de acordo com a identificação racial do cidadão.
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Nesse sentido, foi possível verificar que pessoas negras e pardas têm índices mais altos de baixa renda.
O que indica a pesquisa?
Primeiramente, o IBGE indica que, no ano de 2020, a população negra contava com uma renda média 48% menor do que as pessoas brancas. Isto é, uma grande diferença de remunerações.
Então, no próximo ano, este número ficou ainda maior, chegando ao nível de 49,4%. Ademais, dividindo entre negros e pardos, a porcentagem é maior para os que se identificam como pardos. Em 2020, estes tinham uma renda 46,8% menor do que brancos e, em 2021, o índice chegou em 48,3%.
No entanto, dentre todo o contingente, o nível de desigualdade por renda não diminuiu dentre aqueles que têm ocupação. Portanto, os pesquisadores entendem que o fator que provoca esta disparidade é o nível de desemprego.
Nesse sentido, no ano de 2021, a população negra ou parda era 56,2% da força de trabalho. Porém, este mesmo grupo representava 64,8% dos que se encontravam desocupados.
Pandemia foi um fator importante
Indo adiante, outro fator que a pesquisa do IBGE considera é a pandemia da Covid-19. Isto é, visto que a crise sanitária atingiu mais a população negra do que a branca no Brasil. De acordo com os pesquisadores este fato se dá em razão de ocupações mais vulneráveis a que este grupo se encontra.
“Em 2021 por conta da pandemia e de seu impacto sobre o mercado de trabalho, os efeitos foram maiores sobre a população preta e parda, pois a mesma está inserida em ocupações mais vulneráveis”, defendeu afirmou André Simões, pesquisador do IBGE.
Além disso, o pesquisador falou sobre a renda do grupo.
“Como a renda do trabalho é cerca de 75% do rendimento total dos domicílios, é provável que seu efeito tenha sido mais forte sobre as pessoas pretas e pardas”, declarou.
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Segundo o estudo, na última década, o país mantinha um certo equilíbrio na diferença de renda entre pessoas negras e brancas. No entanto, os anos de 2018 a 2021 apresentaram agravamentos deste índice, sendo ele maior a cada ano.
Desigualdade social e raça
Além de considerar a renda, a pesquisa também analisou outros fatores que demonstram a relação entre desigualdade social e raça no Brasil.
Nesse sentido, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios foi uma importante base do estudo, considerando também educação e vulnerabilidade à violência.
Sobre o assunto, então, a geógrafa Daiane Ciríaco, uma das autoras da pesquisa, defendeu a existência de um racismo estrutural no país.
“Hoje em dia se fala muito em ‘racismo estrutural’, um termo que pode parecer só jargão, mas ele é real”, declarou.
Portanto, o IBGE fez uma análise da realidade social de pessoas negras atualmente. Assim, apesar se haver ascensão social de certos grupos, ainda há desigualdade mesmo para aqueles que conseguiram uma renda maior.
“O rendimento do trabalho das pessoas brancas foi, em média, 69% acima das pretas ou pardas”, declararam os pesquisadores.
Ademais, o estudo também verificou a situação em relação ao nível de escolaridade.
“O recorte por nível de instrução e hora trabalhada reforça a percepção da desigualdade, pois pretos e pardos receberam menos em todos os níveis, sendo que no mais elevado tal diferencial alcançou 41%”, defenderam.
Escolaridade é mais baixa entre negros e pardos
Indo adiante, o estudo do IBGE também identificou que os níveis de desigualdade racial também aparecem na educação.
Nesse sentido, dentre os brasileiros que declaram não ter instrução ou ensino fundamental completo:
27,7% delas se identificam como brancas.
36,5% se identificam como negros
38,7% se identificam como pardos.
Além destes níveis de formação, a diferença racial também está presente nos demais graus de escolaridade.
A pesquisa do IBGE, ainda, demonstrou como esta desigualdade está presente para a população no momento de acessar ensino de qualidade.
Nesse sentido, com a pandemia da Covid-19, o fechamento de escolas impactou mais populações negras e pardas. Segundo o estudo, então, os estudantes negros de 6 a 17 anos de idade ficaram duas vezes mais sem aulas presenciais e sem oferta de atividades escolares do que alunos brancos.
A pesquisa indica que os números destes alunos foi de:
13,5% de alunos pardos.
15,2% de estudantes que se identificam como pretos.
6,8% de alunos identificados como brancos.
Além disso, o Instituto também analisou o percentual de frequência escolar destes estudantes.
“Os estudantes pretos e pardos também apresentaram percentuais maiores dentre os que não mantiveram a frequência diária semanal de estudo (menos de 5 dias) e que consagraram menos de 2 horas diárias às atividades escolares”, indica.
Por fim, a desigualdade racial também influenciou nos índices de participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por esse motivo, a pesquisa entende que houve uma ruptura na tendência de democratização do exame entre a população.
A participação de pardos ou negros no Enem foi de:
58% no ano de 2019.
54,7% em 2021.
Desigualdade social e fome
Outra pesquisa recente que indica novos índices de desigualdade social é o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
O estudo analisou dados sobre a fome, demonstrando que mais pessoas sofrem de subalimentação.
Desse modo, os níveis foram de:
8% no ano de 2019.
9,3% em 2020.
9,8% no ano de 2021.
Em números reais, são entre 702 milhões e 828 milhões de pessoas sem acesso às calorias mínimas que precisam para viver saudavelmente.
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Contudo, para a FAO, o problema não é a produção de comida, mas sim a desigualdade econômica. Isto é, visto que é a quantidade de renda que determina quanto cada um pode comer.
“A princípio, é possível ter hoje um mundo livre da fome, porque há alimentos suficientes. A questão é a vontade política de dar ao tema a relevância que ele tem. Os governos precisam trocar suas palavras por ações efetivas”, declarou.