Correção da tabela do Imposto de Renda pode demorar mais do que o previsto
Nas eleições presidenciais do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu que corrigiria a tabela do Imposto de Renda. A ideia, segundo o petista, era não permitir cobrança de impostos para pessoas que recebiam até R$ 5 mil. Contudo, o fato é que esta promessa deve demorar a sair do papel.
Segundo informações de bastidores colhidas pela revista Veja, o entorno de Lula acredita que não será possível cumprir esta promessa em 2023. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) disse que a ideia é fazer mudanças na legislação no segundo semestre deste ano, para que as alterações comecem a valer em 2024.
Ainda tomando como base as informações da Veja, o entorno de Lula acredita que não é uma questão de descumprimento de uma promessa de campanha. Eles avaliam que o melhor a se fazer agora é controlar as despesas públicas e somente depois aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda.
Esta tabela não é corrigida desde o ano de 2015, quando o Brasil ainda era governado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). De lá até aqui, vários candidatos e presidentes até tentaram aplicar uma nova correção, mas sempre eram parados pelo Congresso Nacional, que não conseguia seguir com o texto.
Nas eleições de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro (PL) chegou a prometer que aumentaria a faixa de isenção do Imposto de Renda. Contudo, ao chegar ao poder ele não conseguiu aprovar o texto, e ano após ano o Imposto vai incidindo cada vez mais sobre os trabalhadores mais pobres.
Lula segue com a promessa
Há duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um encontro com representantes de Centrais Sindicais em Brasília. Entre outros pontos, ele disse que vai manter a promessa sobre isenção do Imposto de Renda, mas desconversou sobre datas.
“Eu vou brigar para fazer (a correção da tabela do Imposto de Renda). Eu vou brigar para fazer porque eu prometi durante a campanha que nós vamos fazer a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil”, disse Lula no discurso para centenas de sindicalistas no Palácio do Planalto.
“Obviamente que isenção de Imposto precisa de lei. A gente não pode fazer no grito, ou na vontade, ou no microfone. A gente tem que construir, e nós vamos construir isso”, completou o presidente dando a entender que qualquer mudança na tabela do Imposto de Renda precisa do apoio do Congresso Nacional.
“Os meus companheiros sabem que eu tenho uma briga com os economistas do PT que é o seguinte: vocês sabem que o pessoal fala assim ‘Lula, se a gente fizer isenção até R$ 5 mil, 60% da arrecadação deste país são das pessoas que ganham até R$ 6 mil’. Ora, então vamos mudar a lógica. Vamos diminuir para o pobre e aumentar para o rico”, disse Lula.
“É necessário uma briga? Sim. É necessário muito convencimento no Congresso Nacional, é necessário muita organização da sociedade. Então vocês têm que saber que nós temos que fazer isso. Vocês têm que saber que a gente não ganha isso se não houver mobilização do povo brasileiro”, disse Lula.
Reforma do Imposto de Renda
Em entrevista na última semana, o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT) disse que o mais provável é que a correção da tabela do Imposto de Renda aconteça de forma fatiada nos próximos meses. Contudo, ele também se negou a cravar uma data para tal mudança.