Caixa: Retiradas da poupança podem comprometer financiamentos
A presidente da Caixa, Maria Rita Serrano, expressou preocupação com uma séria ameaça que a instituição financeira está enfrentando. Continue lendo para mais informações!
Na última semana, a Caixa Econômica Federal iniciou uma campanha promovendo o investimento na poupança. Na sexta-feira (12), durante um diálogo com a imprensa, a presidente da instituição, Maria Rita Serrano, expressou sua preocupação com uma ameaça significativa que está inquietando o banco.
O estímulo ao investimento na caderneta surge em um contexto de baixos retornos na renda fixa, com a taxa Selic atualmente em 13,75% ao ano. Continue lendo para entender mais sobre essa situação.
Restiradas da poupança ameaçam crédito imobiliário
Segundo Maria Rita Serrano, a campanha de fomento ao investimento vem no rastro dos expressivos saques na poupança registrados recentemente.
Essa modalidade de investimento é uma das principais fontes de recursos para a Caixa sustentar os financiamentos imobiliários, juntamente com o FGTS, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Além disso, a presidente da Caixa Econômica Federal alerta que os saques na caderneta estão colocando o crédito imobiliário em risco.
Com a atual taxa Selic em 13,75%, o rendimento da caderneta de poupança permanece fixo em 6,17% ao ano, acrescido da Taxa Referencial. Quando a Selic ultrapassa 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês. Entretanto, se a taxa for de até 8,5%, o rendimento da caderneta corresponde a 70% da taxa Selic.
Maria Rita Serrano, presidente da Caixa, acredita ser fundamental promover no país a “cultura da poupança”. Ela reforça que a caderneta é uma opção de investimento segura, isenta de riscos e de imposto de renda.
A representante da instituição concluiu enfatizando que as discussões sobre possíveis alterações do FGTS estão em andamento no Supremo Tribunal Federal. Dependendo do direcionamento do debate, pode haver um aumento nos custos do investimento público em habitação.
De acordo com o Banco Central, em razão da baixa rentabilidade, a poupança sofreu uma retirada líquida de R$ 6,087 bilhões em março. Levando em conta o total do primeiro trimestre, a aplicação já registra um total de saques aproximado de R$ 51,233 bilhões.
Perdas na poupança
Em abril deste ano, a caderneta de poupança registrou uma saída líquida de R$ 6,3 bilhões, o que significa que os saques superaram substancialmente os depósitos na caderneta no quarto mês de 2023.
Conforme os dados divulgados pelo Banco Central (BC), os resultados observados em abril foram os seguintes:
- Os saques alcançaram a marca de R$ 295,52 bilhões;
- Os depósitos totalizaram R$ 289,27 bilhões.
Em suma, os brasileiros realizaram uma retirada bastante significativa de recursos da poupança em abril. Embora os depósitos tenham sido consideráveis, eles não conseguiram superar o volume das retiradas.
No entanto, é importante ressaltar que, em comparação com abril de 2022, o resultado foi um pouco menos intenso. No quarto mês do ano passado, as saídas líquidas de recursos da poupança totalizaram R$ 9,87 bilhões, representando uma queda de 36,7% no volume financeiro retirado.
De fato, todos os meses deste ano apresentaram um volume de saques superior ao de depósitos. Veja a seguir o volume de saques da poupança em cada mês de 2023:
- Janeiro: R$ 33,63 bilhões;
- Fevereiro: R$ 11,52 bilhões;
- Março: R$ 6,08 bilhões;
- Abril: R$ 6,25 bilhões.
Vale ressaltar que todos os valores divulgados pelo BC são nominais, ou seja, não são corrigidos pela inflação, mas apenas apresentam os números relativos a depósitos e saques.
Conforme o Banco Central, a caderneta de poupança terminou 2022 com uma saída líquida recorde de R$ 103,237 bilhões. Isso significa que, em 28 anos, os brasileiros nunca haviam sacado tanto dinheiro da poupança quanto no último ano. Além disso, os números de 2023 podem ser ainda mais elevados.
Compreendendo a retirada líquida da poupança no início do ano
Incluindo o resultado de abril, a caderneta de poupança apresentou uma saída líquida de R$ 57,48 bilhões em 2023. Esse montante é um recorde para o período e indica que os saques excederam consideravelmente os depósitos.
O Banco Central esclareceu que as retiradas líquidas da poupança nos primeiros meses do ano são consequência do aumento de despesas típicas desse período, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Adicionalmente, é comum que as famílias brasileiras tenham despesas com matrículas e materiais escolares nos primeiros meses do ano. Além disso, março pode ser um mês de pagamento de compras parceladas feitas no final do ano anterior ou de viagens de férias.
Portanto, todos esses fatores contribuem para o aumento dos saques da poupança, pois as pessoas necessitam de recursos para cumprir esses compromissos. Como resultado, há uma significativa diminuição dos depósitos na caderneta, enquanto os saques se intensificam, o que explica a retirada líquida recorde no início deste ano.