Analistas elevam novamente projeção para Inflação e PIB do Brasil
Os analistas do mercado financeiro continuam acreditando que a inflação no Brasil poderá ser mais alta que o esperado em 2023. Isso quer dizer que a população do país pode sofrer um pouco mais para adquirir itens e contratar serviços neste ano.
De acordo com o relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, a inflação deverá encerrar este ano em 5,90%. Essa taxa ficou levemente acima da projetada na semana passada (5,79%).
Em resumo, inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. O avanço nesta nova atualização do relatório Focus indica que os analistas estão acreditando em um taxa inflacionária ainda mais intensa neste ano no Brasil.
Aliás, o avanço é o 11º consecutivo, ou seja, o pessimismo das projeções vem aumentando gradativamente. A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (27).
Essas novas projeções deixaram a taxa inflacionária ainda mais distante da meta para este ano. E isso não é um dado positivo para o Brasil, que busca uma taxa abaixo da meta da inflação, cumprindo a meta definida.
Para 2024, a taxa se manteve estável em 4,02%, após cinco avanços consecutivos.
Veja como é definida a meta da inflação
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. A partir destes dados, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
Maior tranquilidade para investir no Brasil;
Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
Redução da concentração de renda;
Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, isso quer dizer que ela foi formalmente cumprida, mesmo que não supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, algo bastante negativo para a população, que sofre com preços ainda mais caros de produtos e serviços.
Inflação pode voltar a subir no Brasil
Em 2023, os brasileiros poderão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Isso porque o governo federal pretende voltar a arrecadar impostos sobre combustíveis a partir de março. E estes itens impactam de maneira expressiva a taxa inflacionária no país.
Em síntese, os desafios mais recentes começaram em 2020, com a pandemia da covid-19. Em resumo, a crise sanitária impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial. Isso reduziu a oferta, apesar de a demanda começar a se recuperar em 2021.
Como a procura estava maior que a oferta, houve um aumento expressivo dos preços de bens e serviços. E, quanto mais elevada a inflação, maior o custo de vida da população.
Em 2020, a pandemia também provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo. Assim, as pessoas não conseguiram manter os mesmo hábitos de consumo, devido aos custos de vida elevados, visto que a renda diminuiu, mas os preços só fizeram subir.
No ano passado, as cadeias globais de suprimentos, que começavam a se estabilizar, sofreram um novo golpe: a guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024. Enquanto isso, os juros deverão se manter elevados por mais algum tempo.
Estimativas para o PIB brasileiro subiram
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,80% para 0,84%.
A saber, a segunda alta consecutiva reflete maior otimismo dos analistas do país em relação à atividade econômica neste ano. Ainda assim, o avanço deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,50% pela nona semana consecutiva, ou seja, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, uma vez que os impactos da inflação deverão estar bem menores no país.
Por fim, os analistas estimaram que a taxa Selic ficará em 12,75% ao ano em 2023. Esse indicador se refere à taxa básica de juro da economia brasileira. Já para o ano que vem, a taxa Selic deverá ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.