A taxa Selic pode subir mais de 1% no fim do mês
A quinta-feira (9) não foi das melhores no mercado financeiro e isso também afeta a previsão para a Selic.
Nos mercados, o DI Futuro, que mede a expectativa dos agentes para a taxa de juros, subiu a 9,2% para o final do ano. Apesar de estar acima de todas as previsões, não é um cenário tão irrealista.
A taxa Selic
Selic é o nome para Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É um sistema do Governo Federal que faz a transação de títulos públicos e, exatamente por isso, é nome da taxa de juros do Brasil.
Conforme a economia vai tomando seu rumo, o Governo Federal usa a taxa para impulsionar ou frear o consumo das famílias, investimentos e poupança.
Um aumento na taxa pode vir por uma previsão de inflação alta ou pela percepção de que há muito dinheiro na economia.
Ao contrário, uma diminuição da taxa serve para fomentar os investimentos e a economia de um modo geral.
Porque o aumento é ruim para o Governo?
Enquanto de um lado uma Selic alta representa altos retornos para os investidores, na outra ponta ela representa uma dívida maior ao Governo Federal.
Por isso, o mercado financeiro sempre se atenta muito às expectativas e às reuniões do Comitê de Política Monetária do Brasil, o COPOM.
Taxas altas significam que mais dinheiro será usado para pagamento de dívidas, o que diminui, por sua vez, o investimento direto em infraestrutura e demais investimentos.
Para manter esses gastos, o governo teria que gerar mais títulos da dívida, o que pode virar uma bola de neve.
Enquanto isso, rendimentos maiores aos investidores diminuem os investimentos privados e acabam gerando menos empregos.
Em um país com 14% de desempregados, os economistas ficam preocupados quando o Governo adota medidas que atrapalham a abertura de vagas.
O atual cenário
Durante a pandemia, há uma discussão entre os economistas sobre o uso da Selic.
Para alguns, o Governo Federal usou uma Selic baixa para fomentar artificialmente um mercado econômico que estava parado.
Por isso, alguns economistas acreditam que o atraso para a elevação da taxa fomentou a atual taxa de inflação, que já passou da casa dos 9% nos últimos 12 meses.
Dessa forma, enquanto o auxílio às famílias já geraria aumento de preços, o governo somou a isso uma Selic baixa, que estimula ainda mais a alta dos preços.
Com esse cenário, não é de se surpreender que a Selic atual, em 5,25%, suba para a casa acima dos 6,5% na reunião do dia 21 e 22 de setembro. Nela, o COPOM deve utilizar de ferramentas mais agressivas para barrar a ascensão dos preços que esfria a economia.
Apesar de factível, não há consenso entre os economistas. Isso porque subidas bruscas da taxa de juros são medidas radicais, que impactam fortemente a economia em um curto prazo.
Por outro lado, é consenso de que a Selic deve chegar a aproximadamente 8% em dezembro, quando já estiverem encaminhadas a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a reforma do Imposto de Renda.
Ambas as medidas afetam não apenas o âmbito fiscal do Governo Federal, mas também servem de motor para investimentos privados nacionais e internacionais na economia.