A inflação dos alimentos e os mais vulneráveis

Os governos enfrentam escolhas políticas difíceis enquanto tentam proteger seu povo dos preços recordes dos alimentos e dos custos crescentes da energia causados pela inflação que teve, em partes, origem no conflito entre russos e ucranianos.

Os países introduziram uma variedade de medidas políticas em resposta a um aumento sem precedentes nos preços das commodities mais importantes, como as commodities energéticas e alimentícias. Porém, à medida que os governos tentam limitar o aumento dos preços domésticos, mesmo com o cenário externo aumentando esses preços, foram se criando novas pressões inflacionárias, antes já sobrecarregadas pela pandemia da Covid-19.

Preços em alta

A invasão da Ucrânia pela Rússia seguiu-se aos fortes ganhos do ano passado nos mercados de commodities, levando os preços dos alimentos a um recorde e o do gás natural a máximas históricas.

Além disso, os preços do trigo, um produto básico no qual a Rússia e a Ucrânia juntas respondem por cerca de um quarto das exportações globais, aumentaram 54 por cento em relação ao ano anterior.  Com a interrupção das importações de alimentos e energia dessas fontes, os países enfrentam altos custos e incertezas sobre o abastecimento.

A inflação sobre os mais vulneráveis

As pessoas em países de baixa renda são mais vulneráveis ​​a preços mais altos ocasionados pela inflação, pois os alimentos representam 44% do consumo em média, em comparação com 28% nas economias de mercado emergentes e 16% nas economias avançadas. Os preços do petróleo também tiveram ganhos acentuados, o que impõe diferentes encargos aos consumidores.

Nesse sentido, as famílias de renda mais alta tendem a usar mais combustível do que as de baixa renda e são maiores usuários de gasolina em comparação com as famílias mais pobres, que em muitos países em desenvolvimento tendem a consumir mais querosene.

Logo, as políticas governamentais para mitigar o impacto social do aumento dos preços devem levar em conta essas diferenças e garantir que o ônus não seja sentido desproporcionalmente pelos pobres.

Rede de segurança

Embora a maioria dos países esteja limitando os repasses internacionais de preços, isso não é aconselhável. Os sinais de preço são cruciais para permitir que a demanda e a oferta se ajustem e induzem uma resposta da demanda, na qual os preços altos incentivam as pessoas a serem mais eficientes em termos energéticos.

Por outro lado, os preços subsidiados estimulam mais consumo, pressionando ainda mais a inflação dentro do setor. Ao mesmo tempo, os países devem fornecer transferências temporárias e direcionadas para as famílias mais vulneráveis. 

Portanto, uma resposta à demanda pode ser considerável para energia, mas muito menos para alimentos, porque as pessoas precisam comer aproximadamente a mesma quantidade. Ainda assim, os países devem se abster de impedir o ajuste dos preços internos porque tais medidas, que resultam em subsídios, não são eficientes para proteger os mais vulneráveis. 

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