A Argentina e sua mais nova crise
Além da crise econômica, agora a Argentina passa por um momento delicado na cúpula de seu governo.
Após as prévias das eleições, os ministros de lá parecem ter abandonado o barco.
A crise econômica
A Argentina passa por uma grave crise econômica há quase uma década.
Durante esse tempo, nove suspensões de pagamento das dívidas (calote) fizeram parte de sua realidade.
Além disso, uma inflação quase inconcebível ao mundo também é uma fiel companheira da economia de lá.
O resultado é uma Argentina mais pobre. O país vizinho ao Brasil é uma das poucas economias no mundo que empobreceu nos últimos dez anos.
Certa vez, Cristina Kirchner, atual vice-presidente do país, disse que “a Argentina é o lugar onde morrem todas as teorias econômicas”.
Apesar de parecer um fato isolado, a crise por lá afeta o Brasil. Seja pelo fato de o país ser o maior importador de produtos brasileiros, ou pelo fato de ambos os países fazerem parte do Mercosul, onde, agora, o Brasil é isoladamente o país mais relevante.
Não bastasse isso, agora uma crise na cúpula do governo parece tomar conta do país e afundar ainda mais um país que pede socorro há anos.
Ministros indo embora
No dia 12 de setembro, a Argentina fez as primárias de suas eleições, algo comparável à votação de deputados e senadores no Brasil.
O resultado desagradou o governo: derrota dos governistas, vitória da oposição.
Nas urnas, a frente Juntos por el Cambio, favoráveis à troca de governo, somaram 40,2% nos votos para deputados e 40,47% para os votos do senado.
E os problemas não demoraram a aparecer.
Apenas quatro dias após a divulgação dos percentuais, a vice-presidente Cristina Kirchner acusou Fernández, o presidente, de neoliberal. Além disso, disse que ele é um invasor da Casa Redonda.
Anteriormente à declaração, cinco ministros ligados à base kirchneristas colocaram seus cargos à disposição, abandonando o atual governo. Além disso, Kirchner divulgou uma carta a Fernández acusando que o atual presidente faz aquilo que ele jurou evitar, tomando com o rumo da economia medidas ligadas à direita.
Essas pautas, que geralmente contam com privatizações e diminuição do papel do Estado, são mal vistos pela figura política e alvo de grandes críticas à oposição ao partido de Kirchner.
O governo rompido
Na Argentina, ainda, rolam alguns boatos de que Fernández estaria evitando fazer viagens diplomáticas.
Isso porque, quando o presidente deixa seu país, quem passa a comandar a economia e os processos políticos é o vice-presidente.
No atual caso, a vice-presidente parece ser oposição ao próprio governo, o que está custando caro.
Nesse ano, a Argentina foi rebaixada pelo MSCI, empresa que faz o rating de países, para um patamar de standalone, que é quando um país não se encaixa em nenhum cenário específico.
Isso encarece a retomada de crédito e atrapalha muito a dinâmica da economia interna.
Por isso, os hermanos parecem estar caminhando em círculos. Pelo menos até ficarem tontos e caírem.