IPCA-15: prévia da inflação é a maior em 26 anos

O mercado abriu em queda após a divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação, para o mês de outubro. Segundo os dados, a inflação ficou em 1,20% no mês, o maior para o mês desde 1995.

Dessa forma, a alta dos preços não começa a dar trégua, como previa o Banco Central e o Ministério da Economia.

Acima das expectativas

O IPCA-15 ficou acima das expectativas do mercado e isso atrapalhou o bom rendimento do Ibovespa na manhã de hoje. Isso porque a alta da inflação é um dos principais problemas econômicos do país e vai afetar outras áreas.

A alta de 1,20% é a maior para o mês em 26 anos e é a segunda maior alta mensal da história, somente através de fevereiro de 2016. As estimativas ficavam em torno de 0,98%.

Com isso, o mercado começa a se rearranjar nas previsões. Ontem, o Itaú lançou nota prevendo recessão na economia brasileira. Além disso, o Boletim Focus veio com a vigésima nona alta consecutiva do IPCA.

No acumulado de 12 meses, o IPCA ficou em 10,34%, o segundo mais alto do anualizado, que foi em fevereiro de 2016 (10,84%). Com isso, o aumento dos preços passa muito das metas do Banco Central. No início do ano, o BC estimou uma inflação na casa dos 3,75%, com teto em 5,25%. Com esse anualizado, o IPCA atinge praticamente o dobro do teto.

Apesar disso, vale lembrar que o IPCA-15 é calculado em menos cidades e com menos dias que o IPCA mensal. Contudo, as perspectivas costumam errar por pouco.

IPCA-15
Foto: Ekrulila – Pexels

O que acontecerá a partir do IPCA-15?

A partir dessa perspectiva de inflação, pioram os cenários projetados para a economia. Isso porque a inflação afeta diretamente outras variáveis da economia e com os atuais patamares, a situação fica ainda mais crítica.

Isso porque com o IPCA em alta, o poder de compra diminui e, com isso, o consumo também cai. Com o consumo caindo, há maior desemprego, o que aumenta a informalidade e pode afetar até a arrecadação do Governo Federal.

Por outro lado, um IPCA alto afeta diretamente a necessidade de aumentar a taxa de juros. Por isso, não seria absurdo pensar num reajuste acima de 1% na próxima reunião do COPOM. Além disso, o forte reajuste da Selic pode fazer com que a taxa básica de juros ultrapasse os 10% ao ano já em 2022. Soma-se à inflação o alto Risco-Brasil que resultou do furo do teto de gastos. Porém, um reajuste forte desses jogaria a atividade econômica para baixo, encarecendo o crédito e diminuindo ainda mais o PIB desse ano.

Na parte dos investimentos, o Tesouro IPCA toma ainda mais força e os Tesouros Prefixados podem começar a elevar suas taxas para ficarem atrativos. Porém isso não deve afastar investidores do país, dado que os riscos da política fiscal ainda permanecem. Por outro lado, a bolsa pode cair no curto prazo, barateando ainda mais os ativos listados por lá.

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