IPCA fica acima da expectativa e bate recorde no mês

O índice oficial da inflação brasileira, o IPCA, bateu recorde e foi o maior para o mês de setembro desde 1994. A alta ficou acima da prévia (IPCA-15), lançado no dia 24 de setembro.

Para o mês passado, a alta dos preços acumulou 1,16%, o que no anualizado bate os 10%.

Inflação nos dois dígitos

O IPCA anualizado ficou em 10,25%, sendo menor apenas que o anualizado de 2016, quando ficou em 10,36%. O IBGE divulgou as informações hoje pela manhã.

Na época, o Brasil também passava por grave crise econômica e política, com a recente saída, em agosto, da ex-presidente Dilma Rousseff através de um processo de impeachment. Desde lá, a economia está parada e cresce a taxas ínfimas.

Para o mês de setembro desse ano, a alta também é a maior desde dezembro do ano passado, quando o crescimento dos preços ficou em 1,35%. Com isso, setembro mostrou a maior alta dos preços do ano, mas a tendência é de queda no ritmo da inflação a partir de agora, com as expectativas de 8,5% para o final do ano.

Vale lembrar também que o resultado até então está bem acima do teto estipulado pelo Banco Central para a economia brasileira no início do ano. Para o IPCA esperado, o BC estipulou o centro de 3,75%, com um teto de 5,25%. Com a atual inflação, os preços sobem quase o dobro que o previsto.

IPCA
Foto: Pexels

O que mais pesou

Dos 9 setores pesquisados pelo IBGE, apenas um teve variação negativa, mas outros impactaram fortemente o IPCA do mês passado.

O setor de habitação teve a variação mais forte, 2,56%. Nele está contida a variação da energia elétrica, que ficou acima dos 6% para o mês. Seguindo, o setor de transportes teve variação positiva de 1,86%, impactado principalmente pelo preço da gasolina.

Contudo, o setor de educação teve leve queda de 0,01%, ao contrário do setor de alimentos e bebidas, que subiu 1,02%, seguido por artigos de residência (0,9%), despesas pessoais (0,56%), saúde e cuidados pessoais (0,39%) e vestuário (0,31%). Por último, o setor de comunicação subiu 0,07%.

A energia elétrica, por exemplo, teve impacto em 0,31 ponto percentual na taxa total da inflação mensal, seguida pela gasolina, que impactou 0,14 ponto percentual no IPCA do mês passado.

O que esperar agora?

Depois da alta do IPCA, o mercado brasileiro pode se preparar para um aumento acima dos 1% na Selic na próxima reunião do COPOM. Isso porque Roberto Campos Neto afirmou que não hesitará em aumentar os juros para conter a inflação.

Por outro lado, os títulos atrelados à inflação devem atingir os valores máximos, dado que a inflação anualizada deve começar a apresentar quedas. A perspectiva, via Boletim Focus, é de uma inflação na casa dos 8,5% no final do ano, mostrando desaceleração em outubro, novembro e dezembro.

Apesar disso, a renda fixa atrelada ao IPCA seguirá dando bons retornos, principalmente àqueles investidores que começaram no início ou no meio do ano de 2021. A renda fixa atrelada ao CDI também deve se comportar com rendimentos atraentes, dado que a expectativa de Selic já tem patamares próximos aos 9% em algumas gestoras.

 

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