Bolsonaro e sua fiel crise

O presidente Jair Bolsonaro parece afundado em mais um momento de crise ligado à pandemia.

Agora, a suspensão da vacina nos adolescentes deixou margem para interpretações.

Um panorama

Em junho desse ano, a ANVISA aprovou o uso da vacina da Pfizer em adolescente e, logo após, o governo chefiado por Bolsonaro, colocou o grupo no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Depois disso, no dia 15 de setembro, quarta-feira, estava previsto o início da vacinação desse grupo em escala nacional.

Apesar disso, alguns estados já vacinavam essa população, dentro de cada programa regional.

Porém, ontem, 16 de setembro, um dia após o início da vacinação indicada pelo Governo Federal, o Ministério da Saúde suspendeu o processo.

Segundo o ministro Marcelo Queiroga, houve mais de 1.500 casos de adolescentes com “eventos adversos”. Ainda segundo ele, a medida é cautelar e o ministério pode voltar atrás, desde que haja evidências científicas para isso.

O cenário internacional

Grande parte do mundo está vacinando adolescentes com a vacina da Pfizer.

França, Dinamarca e Espanha são exemplos de casos bem sucedidos do processo de vacinação dos jovens.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que não há evidências científicas que comprovem que o imunizante seja contraindicado a esse grupo.

Contudo, o governo, chefiado por Bolsonaro, não indica a vacinação do grupo.

Bolsonaro
[Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado]

A vacinação segue

Mesmo com o passo do Ministério da Saúde, 9 estados afirmaram que seguirão imunizando seus jovens.

Os governadores dizem que a ANVISA e os órgãos mundiais mostraram evidências sólidas na imunização dessa faixa etária e, por isso, a aplicação das doses continua.

Isso reflete, mais uma vez, o descrédito do governo Bolsonaro com os governadores, causado principalmente pela falta de um programa nacional no início da pandemia.

Opositores alegam que controlar os estados, agora que estão com o planejamento em andamento, não é uma boa estratégia do Planalto.

As suspeitas sobre Bolsonaro

Na live de quinta-feira do presidente, junto com o ministro Marcelo Queiroga, foi levantada a hipótese de que a ordem de suspensão teria vindo de Bolsonaro.

Isso porque no meio da live, o presidente afirmou que levou o assunto até o ministro, que disse que foi feita “uma revisão detalhada no banco de dados do DataSUS”.

Contudo, Bolsonaro afirma que “a minha conversa com o Queiroga não é uma imposição. Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento”.

Opositores e analistas políticos veem o cenário com outros olhos. Para eles, há chance de a suspensão da vacina ser uma demanda do chefe do Executivo.

A suspeita ganha força, porque os ex-ministros Henrique Mandetta e Nelson Teich foram desligados do governo por discordar das orientações do presidente no início da pandemia.

A saída de Pazuello, porém, foi por pressões políticas sobre sua insuficiência de conhecimento e resultados na condução da pandemia.

Contudo, o país segue sem saber em quem acreditar e, com isso, a vacinação fica comprometida.

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