Despesas fiscais sobem e o mercado não gosta disso
Com a alta da inflação no país todo, é de se esperar que os gastos fiscais também aumentem.
Por isso, analistas acreditam que o Governo Federal pode ter problemas para 2022.
A inflação em alta
Os índices de inflação do Brasil estão em alta e bem acima do teto estipulado pelo Banco Central.
Muitas são as causas desse movimento: preço das commodities, alta do petróleo, crise hídrica e, com isso, um aumento no custo de produção e de frete das empresas.
Apesar disso, o Governo Federal acredita que a inflação deve fechar o ano entre 7,5% e 8%, a mesma projeção dada pelo mercado financeiro para a taxa Selic.
Com esse zero a zero, 2022 seria um recomeço. Mas ele pode vir com problemas.
O que causa uma alta da inflação?
A alta da inflação, além da perda do poder de compra das famílias, afeta principalmente os mais pobres.
Por isso, uma alta de preços pode levar ao aumento do desemprego, hoje em 14%. Além disso, o desaquecimento da economia pode provocar problemas no câmbio e, por isso, nas exportações do Brasil.
Com todos os problemas, surge um problema maior ainda: os gastos do Governo. Quando a inflação fica acima da meta, o reajuste do salário mínimo, o aumento dos custos para financiar infraestrutura e a correção inflacionária do preço dos precatórios também impactam as finanças.
Para se ter uma ideia, os cálculos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foram feitos com um INPC a 6,2%. No mês passado, o índice fechou em 8,5%.
O INPC, especificamente, corrige os abonos salariais, seguros-desemprego e benefícios previdenciários e assistenciais. Por isso, uma alta nesse indicador indica problemas do Governo Federal para financiar, principalmente, os mais pobres.
Segundo o site Valor Econômico, Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento, esse erro na previsão da inflação pedirá que o Governo Federal encontre espaço na LDO para gastos adicionais de R$18 bilhões para o ano que vem.
A lei
A Lei de Diretrizes Orçamentárias está em fase de discussão e o aperto da inflação é uma das principais pautas.
Isso porque, além da alta dos preços, a parte dos precatórios também é um alerta para o governo e para o mercado.
O valor dos precatórios, que deve chegar a R$90 bilhões no ano que vem, ficou acima do previsto pelo Governo Federal e, por isso, diminui-se a margem de manobra para contemplar todos os gastos.
Alguns políticos já propõe soluções: segundo fontes, a Câmara discute que sejam pagos os precatórios previstos pelo governo e o valor acima seja retirado do teto de gastos.
Com essa manobra fiscal, o teto seria respeitado, mas poderia ocorrer uma nova alta dos preços no ano que vem.
Além disso, já foi proposto um parcelamento dos precatórios. Alguns analistas criticam a medida.
Analistas lembram que romper o teto de gastos é crime de responsabilidade e é premissa para um processo de impeachment contra o chefe do Executivo.
A equipe econômica segue conversando com apoiadores e oposição para encontrar uma solução viável às contas públicas.