Privatização dos Correios: os dois lados da história!
A privatização dos Correios é pauta em discussão há alguns anos, mas vem tomando força maior com a diretriz política do atual governo de Jair Bolsonaro. Como toda discussão que afeta o dia a dia da população, há dois lados conflitantes que expõem seus pontos de vista, de modo a discutir a efetividade, ou não, da venda da empresa estatal para o capital privado.
O que diz quem quer privatizar?
Do lado dos adeptos à privatização, são diversos fatores que contribuem para uma eventual privatização. A incapacidade da empresa de investir em processos tecnológicos que modernizem a frota e os serviços, a alta dependência do Tesouro Nacional para custear a operação da empresa e até a isenção fiscal recebida pelos Correios.
De acordo com a secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos, Martha Seillier, a empresa recebeu imunidade de R$2 bilhões de reais. A própria demonstração contábil dos Correios informou que, em 2020, teve um lucro líquido de R$1,53 bilhão em 2020, o maior nos últimos 10 anos.
Isso mostra que sem as isenções fiscais a empresa é incapaz de gerar lucro, tomando os dados citados acima.
O que diz quem não quer a privatização?
Apesar disso, políticos e estudiosos contrários à privatização dos Correios como empresa estatal têm uma visão diferente. Para esse grupo, há uma incapacidade de as empresas privadas apresentarem uma capilaridade similar à atual empresa. Isso porque os Correios atendem todas as cidades do país, sem exceção, e uma eventual privatização tornaria inviável entregas para algumas cidades, principalmente em locais periféricos e longínquos.
Somado a isso, um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos) aponta que a satisfação com os serviços dos Correios é considerável e, inclusive, rendeu prêmios durante a existência da empresa. O estudo alega, também, que apesar dos lucros, essa não é a principal finalidade da empresa e que medidas de privatização de empresas similares foram revertidas no cenário internacional.
De qualquer forma, a discussão é válida e deve prosseguir no cenário político. Algumas fontes colocam grandes empresas internacionais e nacionais como principais concorrentes em um futuro leilão da empresa: Amazon, MagazineLuiza, DHL, Simpar, dentre outras.
A eminente entrada de capital seria excelente para uma visão mais positiva do Brasil no cenário internacional e poderia incentivar novos incentivos no país, segundo analistas.
Como anda a proposta no Congresso?
A proposta de privatização dos Correios foi entregue pessoalmente para a Câmara dos Deputados pelo presidente Jair Bolsonaro, ainda em fevereiro de 2021. Com amplo debate e comissões para discutir a pauta, o andamento ainda segue abaixo do ideal, na visão do mercado financeiro.
No dia 05 de agosto de 2021, foi aprovada na Câmara dos Deputados o projeto que permite a privatização dos Correios. O placar foi de 286 votos a favor e 173 contra, além de duas abstenções.
Dentre os partidos que votaram a favor da privatização, destacam-se Partido Novo, Republicanos, Patriota, PP e Cidadania. Nos votos contra a medida, Rede, PC do B, PT e PSOL se destacam como contrários à privatização. Veja todos os votos aqui.
A pauta agora aguarda apreciação do Senado Federal e ainda segue sem previsão de votação na Casa.