Dólar atinge MAIOR nível em 6 meses, pressionado pelo exterior

O mês de outubro não tem sido muito bom para o real brasileiro. Em quatro pregões, o dólar subiu em três deles e atingiu o maior patamar em seis meses. Isso aconteceu, principalmente, por causa do cenário exterior, que continua preocupando os investidores.

Nesta quinta-feira (5), o dólar subiu 0,32%, fechando a sessão cotado a R$ 5,1687, nível mais elevado desde 27 de março (R$ 5,2065). Com o acréscimo deste avanço, a moeda norte-americana agora acumula uma alta de 2,82% em outubro, sucedendo os avanços de agosto (4,68%) e setembro (1,55%).

Nas últimas semanas, a divisa americana ganhou força devido aos temores de uma recessão econômica global. Além disso, os investidores temem o aumento dos juros nos Estados Unidos, fator que tende a desaquecer a atividade econômica do país. O problema é que os EUA são a maior economia do planeta.

Em meio a esse cenário caótico, o dólar avançou novamente nesta quinta-feira (5). Contudo, a moeda continua em campo negativo no acumulado de 2023, com uma queda de 2,07% no ano.

Cabe salientar que a queda acumulada em 2023 chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo a queda para apenas 2%.

Cenário internacional vem pressionando o dólar nos últimos tempos
Cenário internacional vem pressionando o dólar nos últimos tempos. Imagem: Agência Brasil.

Por que o dólar subiu hoje (05/10)?

Nas últimas semanas, o dólar vem ganhando força devido ao aumento do pessimismo entre os investidores. O temor em torno de uma recessão econômica global limita a busca por ativos de risco, até porque nem todo mundo quer investir seu dinheiro em opções com pouca segurança, ainda mais quando os temores afetam todo o mundo.

Esse cenário vem provocando uma fuga para ativos mais seguros, como as treasuries, que são os títulos do Tesouro norte-americanos. Estes papeis renovaram nesta quinta-feira (5) o maior nível em quase 15 anos.


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Isso atrai capital para os Estados Unidos, uma vez que a rentabilidade dos papeis crescem, superando a renda variável. Dessa forma, o dólar se beneficia, pois há mais capital em circulação no país.

Como as expectativas em relação ao futuro não estão muito otimistas, os investidores estão buscando ativos mais seguros, com medo de calote dos governos. Por isso, nos últimos tempos, muitos deles passaram a retirar capital de países menos seguros, como o Brasil, alocando-o em grandes nações, como os EUA. Esse movimento fica ainda mais intenso quando o rendimento destes papeis cresce.

Mercado de trabalho pode afetar juros nos EUA

A sessão de hoje (5) ficou marcada pela expectativa dos investidores em relação aos dados do mercado de trabalho dos EUA. Na sexta-feira (6), o Departamento do Trabalho norte-americano deverá divulgar os dados sobre a geração de postos de empregos.

A expectativa é que os números venham fortes, e isso até pode parecer algo positivo, indicando a resiliência do mercado de trabalho. Entretanto, os investidores estão temendo que isso pressione o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a elevar os juros no país.

Vale destacar que os números mais fortes do mercado de trabalho tendem a indicar que há mais dinheiro na mão da população, uma vez que mais pessoas estão trabalhando no país. Em meio a isso, o temor de alta da inflação, já que mais dinheiro estará circulando pelos EUA.

A saber, os bancos centrais elevam os juros justamente para segurar a taxa inflacionária nos países. Caso o Fed vislumbre mais dificuldades para manter a inflação controlada, deverá manter os juros no mesmo patamar, caso não promova uma nova elevação na taxa.

Juros nos EUA estão no maior nível em mais de 20 anos

Por falar nisso, o Fed manteve estável a taxa de juros no país no último dia 20 de setembro. No entanto, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.

Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Portanto, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo, visto que os juros altos elevam o custo de vida no país.

Em suma, a entidade decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação. Aliás, o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.

Caso isso ocorra, a decisão deverá afeta diretamente a cotação do dólar, pois, quanto mais altos os juros estiverem, maior o rendimento dos títulos norte-americanos. Inclusive, apenas as projeções de fortalecimento do mercado de trabalho já fez investidores buscarem ainda mais títulos americanos, fortalecendo o dólar.

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