Analistas elevam projeção para Inflação e PIB do Brasil em 2023
Os analistas do mercado financeiro voltaram a apontar que a inflação no Brasil poderá ser mais alta que o esperado em 2023. Isso quer dizer que a população do país poderá sofrer um pouco mais para adquirir itens e contratar serviços neste ano.
De acordo com o relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, a inflação deverá encerrar este ano em 5,96%. Essa taxa ficou levemente acima da projetada na semana passada (5,90%).
Em resumo, inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços. O avanço nesta nova atualização do relatório Focus indica que os analistas estão acreditando em um taxa inflacionária ainda mais intensa neste ano no Brasil.
Aliás, o avanço sucede a estabilidade registrada na semana anterior, que interrompeu uma sequência de 11 avanços consecutivos, época em que as projeções se mostravam mais pessimistas a cada semana. A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (13).
Essas novas projeções deixaram a taxa inflacionária ainda mais distante da meta para este ano. E isso não é um dado positivo para o Brasil, que busca uma taxa abaixo da meta da inflação, cumprindo a meta definida.
Para 2024, a taxa se manteve estável em 4,02% pela terceira semana, após cinco avanços consecutivos.
Veja como é definida a meta da inflação
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. A partir destes dados, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
Maior tranquilidade para investir no Brasil;
Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
Redução da concentração de renda;
Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, isso quer dizer que ela foi formalmente cumprida, mesmo que não supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, algo bastante negativo para a população, que sofre com preços ainda mais caros de produtos e serviços.
Inflação pode voltar a subir no Brasil
Em 2023, os brasileiros poderão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Isso porque o governo federal voltou a arrecadar impostos sobre combustíveis no início deste mês, e estes itens impactam de maneira expressiva a taxa inflacionária no país.
Em síntese, os desafios mais recentes começaram em 2020, com a pandemia da covid-19, que impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial.
Isso reduziu a oferta em 2021, período em que a demanda começou a se recuperar. Como a procura estava maior que a oferta, o mundo passou a enfrentar um aumento expressivo nos preços de bens e serviços.
Em 2020, a pandemia também provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta. Assim, as pessoas não conseguiram manter os mesmo hábitos de consumo, uma vez que a renda diminuiu, mas os preços só fizeram subir.
No ano passado, as cadeias globais de suprimentos começaram a se estabilizar, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia, fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024. Enquanto isso, os juros deverão se manter elevados por mais algum tempo.
Estimativas para o PIB brasileiro subiram
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,85% para 0,89%.
A saber, a quarta alta consecutiva reflete maior otimismo dos analistas do país em relação à atividade econômica neste ano, ainda que o avanço tenha sido bem tímido. Aliás, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,50% pela 11ª semana consecutiva, ou seja, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, uma vez que os impactos da inflação deverão estar bem menores no país.
Por fim, os analistas estimaram pela quarta semana consecutiva que a taxa Selic ficará em 12,75% ao ano em 2023. Esse indicador se refere à taxa básica de juro da economia brasileira. Já para o ano que vem, a taxa Selic deverá ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.