Lula tem plano para PEC da Transição tramitar mais rápido na Câmara
Menos de 24 horas depois da aprovação da chamada PEC de Transição no Senado Federal, os olhos do governo eleito se voltam para a Câmara dos Deputados. É esta a casa que vai sediar a última batalha pela aprovação do documento que garante o Auxílio Brasil de R$ 600 no próximo ano. Em tese, conseguir os votos dos deputados federais é uma tarefa um pouco mais difícil.
Motivos não faltam para ter esta avaliação. Em primeiro lugar, é importante frisar que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) não é um aliado de primeira hora do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, aliados de Bolsonaro na Câmara tendem a trabalhar para atrasar a tramitação do documento.
Diante deste cenário que se desenha, aliados de Lula já traçaram um novo plano. A ideia é fazer com que a PEC que foi aprovada no Senado Federal seja anexada a um outro texto que já está em tramitação na Câmara dos Deputados há mais tempo. Desta forma, o documento poderia pular uma série de etapas de tramitação.
A ideia é apensar o texto da PEC da Transição com a PEC 24/2019, que tem autoria da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP). Este texto que está na Câmara já passou pela aprovação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e agora segue travado na comissão especial. Este texto prevê que o recursos diretamente arrecadados pelas universidades, sejam usados exclusivamente pelas próprias universidades.
Caso a equipe de Lula consiga realizar esta manobra, os aliados do presidente eleito poderiam economizar mais tempo de tramitação. Neste caso, o documento seguiria direto para análise da comissão especial. Em caso de aprovação, o texto passaria para a análise do plenário, onde precisaria ser aprovado em dois turnos por 2/5 dos deputados federais.
Não seria a primeira vez
É importante lembrar que esta não é a primeira vez que o Congresso Nacional poderia usar esta manobra para conseguir aprovar um texto em caráter de urgência. Em julho deste ano, o governo do presidente Jair Bolsonaro usou esta mesma manobra pra economizar tempo para a aprovação da PEC dos Benefícios.
Na ocasião, este documento aumentou o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, e do vale-gás, que saiu de uma média de R$ 50 para R$ 100 neste segundo semestre. O documento também permitiu a criação de auxílios como o Pix Caminhoneiro e o auxílio-taxista.
Seja como for, o fato é que para que estas manobras tenham sucesso, é importante ter o apoio do presidente da Câmara dos Deputados. Como dito no início deste artigo, Lira não é um aliado de primeira hora de Lula, embora os dois tenham se aproximado nas últimas semanas.
PEC da Transição
O texto que foi aprovado no Senado Federal permite o aumento do tamanho do teto de gastos públicos em mais R$ 145 bilhões. Com a liberação de R$ 23 bilhões do uso de excedentes para obras públicas, este valor sobe para mais de R$ 168 bilhões liberados.
Vale lembrar ainda que o presidente eleito ainda terá à sua disposição os R$ 105 bilhões que já estavam dentro do plano de orçamento desde agosto deste ano. Assim, ao todo a PEC libera mais de R$ 200 bilhões para o governo federal a partir do ano de 2023.