Lula ou Bolsonaro: quem nas cidades que mais recebem o Auxílio?
No último mês de julho, o Congresso Nacional corria para aprovar a chamada PEC dos Benefícios. A um mês do início da campanha eleitoral, o Governo Federal conseguiu o direito de usar mais de R$ 22 bilhões apenas para turbinar o Auxílio Brasil. Apesar das críticas de suposta compra de votos, o fato é que o projeto contou com a aprovação até mesmo de partidos da oposição.
Com mais dinheiro, o Governo conseguiu turbinar o Auxílio Brasil, que até então pagava um patamar mínimo de R$ 400 por família, e passou a pagar R$ 600 mínimos desde agosto. O número de usuários também subiu e começou a bater recordes.
Hoje, dados do Ministério da Cidadania apontam que mais de 21 milhões estão dentro da folha de pagamentos. Para comparar, basta lembrar que o antigo Bolsa Família chegou ao fim atendendo 14 milhões.
Embora o Governo negue que o aumento do Auxílio Brasil tenha qualquer relação com as eleições, informações de bastidores vão em uma direção contrária. Aliados do presidente são unânimes em dizer que o aumento teve realmente a intenção de ajudar Bolsonaro a melhorar a sua situação entre os mais pobres.
Manobra deu certo?
Agora não é mais pesquisa. Dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que nas cidades que proporcionalmente recebem mais o Auxílio Brasil, o ex-presidente Lula (PT) recebeu mais votos. A diferença não foi pequena.
Cidades que mais recebem o Auxílio Brasil em 2022
Lula (PT) 71%
Bolsonaro (PL) 29%
As cidades que mais recebem o Auxílio Brasil são aquelas em que mais da metade da população recebe diretamente o benefício, ou é impactada por ele de alguma forma. Os dados mostram que boa parte do eleitorado adotou a estratégia de pegar o dinheiro e votar em Lula.
Quando se compara com os números de 2018, o cenário é de estabilidade. Na ocasião, Fernando Haddad (PT) também venceu Bolsonaro nestas mesmas cidades com uma grande diferença. Veja.
Fernando Haddad (PT) – 73%
Jair Bolsonaro (PSL) – 27%
O que mudou no Auxílio?
Na citada PEC dos Benefícios, o Governo Federal decidiu aplicar um dispositivo que acionou um período de calamidade pública. Este trecho, fez com que eles ganhassem a liberação para gastar mais em ano de eleição, sem se preocupar com o teto de gastos públicos.
Especificamente sobre o Auxílio Brasil, o Governo decidiu elevar o valor mínimo para R$ 600, além de aumentar o número de usuários do programa. O vale-gás nacional subiu de uma média de R$ 50 para R$ 100 já a partir do mês de agosto.
Com o dinheiro liberado pela PEC dos Benefícios, o Governo também decidiu iniciar repasses de novos programas, como auxílios mensais para caminhoneiros e também para motoristas de táxi. Em ambos os casos, os depósitos são de R$ 1 mil por família.
O Governo também liberou bilhões para o consignado do Auxílio Brasil, e anunciou mudanças como antecipação do pagamento do 13º salário para servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O que vai mudar?
Mesmo com as alterações, o fato é que quem ganhou as eleições foi o ex-presidente Lula (PT). Como visto, o petista venceu na maioria das cidades que proporcionalmente mais recebem o Auxílio Brasil fazendo promessas como manutenção do valor de R$ 600, e liberação de um adicional de R$ 150 para famílias com crianças menores de seis anos.