Poupança tem retirada líquida recorde de R$ 22,02 bilhões em agosto
O Banco Central informou nesta semana que a caderneta de poupança, considerada a aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros, continua a ter uma grande retirada de recursos. Segundo informações, os brasileiros chegaram a sacar no total R$ 22,02 bilhões a mais do que depositaram na poupança.
Tal valor de retirada da poupança é a maior retirada líquida (saques menos depósitos), registrada para um mês desde o início da série histórica, em 1995. Assim como o desempenho de agosto, a poupança acumula retirada líquida de R$ 85,17 bilhões nos oito primeiros meses do ano. Também é considerada a maior retirada acumulada para o período desde 1995.
Detalhes dos registros
Para o ano de 2022, a caderneta registrou captação líquida (mais depósitos que saques) apenas em abril. Neste período, o fluxo ficou positivo em R$ 3,52 bilhões. Já para os outros meses, as retiradas superaram os depósitos.
Isso em um cenário de alta inflação e grandes endividamentos, combinado com o baixo rendimento por conta dos aumentos da taxa Selic (juros básicos da economia), o que por sua vez torna as outras aplicações de renda fixa consideravelmente mais atraentes.
Com relação ao ano de 2020, a poupança já havia registrado captação líquida (depósitos menos saques) de R$166,31 bilhões, valor que já era considerado recorde. Isso contribuiu para o resultado da instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia. Tal fator também contribuiu com o auxílio emergencial, no qual foi depositado em contas poupanças digitas, da Caixa Econômica Federal.
De acordo com o BC, durante o ano passado, a poupança havia registrado uma retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. Esta aplicação foi pressionada pelo fim do Auxílio Emergencial, além dos baixos rendimentos e pelo endividamento dos brasileiros.
Já com relação à retirada líquida, que consiste na diferença entre saques e depósitos, só não foi maior que o valor registrado em 2015 (R$ 53,57 bilhões) e em 2016 (R$ 40,7 bilhões). Nestes anos, a forte crise econômica levou os brasileiros a sacar os recursos da aplicação.
Rendimento da Poupança
Até pouco tempo atrás, a poupança estava chegando a render 70% da Taxa Selic. Contudo, desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) 6,17% ao ano.
Isso porque, a Selic tornou a ficar acima de 8,5% ao ano. Atualmente, os juros básicos se encontram a 13,75% ao ano. Contudo, o aumento dos juros foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação. Este fato acabou provocando uma queda na quantidade de investidores.
Para os últimos doze meses, terminados em agosto, a aplicação na poupança rendeu 6,72%, informou o BC. Para o mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – 15 (IPCA-15), o que funciona como uma prévia da inflação oficial, atingiu os 9,6%. O IPCA cheio referente ao mês de agosto será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esta semana.