Fim do Auxílio Emergencial gerou a maior queda do rendimento médio do país em 10 anos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (10) que o rendimento mensal dos brasileiros teve uma queda recorde em 10 anos. Conforme a pesquisa, o declínio foi generalizado nas diversas fontes que compõe a renda dos brasileiros.
O impacto foi maior na passagem de 2020 para 2021, onde a renda de muitos cidadãos foi marcada com a redução ou cancelamento do Auxílio Emergencial. Diante tais acontecimentos, a renda domiciliar per capita chegou ao menor valor histórico.
É importante frisar que o rendimento médio mensal é calculado considerando apenas as pessoas que têm algum tipo de rendimento. Já a renda domiciliar per capita, considera a divisão do rendimento entre as pessoas vivem sob o mesmo teto.
Segundo o levantamento, o rendimento mensal médio real passou de R$ 2.386 em 2020 para R$ 2.265 em 2021, valor mais baixo desde 2012 (R$ 2.369), correspondendo uma queda de 5,1%.
Em contrapartida, houve um aumento de 38,7% para 40,2% na proporção de pessoas com rendimento recebido, exclusivamente, por meios laborais. Entretanto, o rendimento médio sofreu uma queda de 4,6%.
“O aumento da ocupação se deu pela informalidade, e a renda do trabalho informal não foi suficiente para aumentar o rendimento médio”, esclareceu a analista da pesquisa, Alessandra Scalioni Brito.
Cabe salientar que os brasileiros que possuem rendimentos de outros meios, como por programas sociais, a exemplo o Bolsa Família (atual Auxílio Brasil) e o Auxílio Emergencial, tiveram uma redução de 14,3% para 10,6%. As porcentagens resultaram em uma queda de 30,1% da média dessas fontes.
“Esse auxílio foi meio que um colchão para a queda da renda do trabalho durante a pandemia. Foi esse colchão que segurou o impacto em 2021, mas ao começar a ser retirado em 2021 provocou essa queda generalizada da renda no país”, completou a analista da pesquisa.
Impacto do Auxílio Emergencial
Logo quando passou a ser pago, o Auxílio Emergencial foi o responsável pela alta de 12,3% dos rendimentos totais em comparação ao ano anterior, 2019. Já em 2021, quando o programa teve uma redução de 30% no número de seus beneficiários o quadro começou a mudar.
Além disso, no segundo ano de vigência do programa, o valor do benefício sofreu uma queda. Em 2020, o repasse era de R$ 600 para o público geral e de R$ 1.200 (dobro) para as mães chefes de família. No ano seguinte, os valores foram de R$ 150 para solteiros, R$ 250 para casais e R$ 375 para mães solteiras.
Nesta perspectiva, a proporção de pessoas com algum tipo de rendimento no país diminuiu de 61% para 59,8%, a marca mais baixa da série histórica do IBGE. Tal queda ocorreu devido ao aumento da proporção de pessoas com renda do trabalho.
Contudo, no mesmo período, o percentual de brasileiros com rendimento de outras fontes caiu de 28,3% para 24,8%, sendo esta fonte a que foi encontrada a redução mais intensa.