Inflação e juros elevados limitam crescimento da indústria brasileira
A produção industrial do Brasil cresceu 0,1% em abril deste ano, na comparação com o mês anterior. Apesar do avanço, a indústria brasileira caiu 0,5% em relação a abril de 2021. Da mesma forma, acumulou perdas entre janeiro e abril de 3,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Em resumo, a inflação elevada vem corroendo a renda das famílias do país, reduzindo a demanda interna. Ao mesmo tempo, a indústria brasileira sofre com os juros elevados, justamente para conter a inflação. Isso porque os investimentos tendem a diminuir com a alta dos juros.
“Pelo lado da demanda doméstica, os juros elevados dificultam o acesso ao crédito e inibem os investimentos, a inflação em patamares elevados diminui a renda das famílias, o mercado de trabalho ainda não se recuperou e a massa de rendimentos não avança”, explicou André Macedo, gerente da pesquisa.
“Assim, há menor recurso por parte das famílias para que a demanda doméstica alavanque o consumo e a produção”, acrescentou.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o responsável pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Setores de alimentos e veículos caem em abril
De acordo com o IBGE, 16 dos 26 ramos pesquisados subiram em abril, impulsionando a produção industrial brasileira no mês. Contudo, vale destacar os setores que exerceram o impacto oposto e limitaram o avanço da indústria brasileira em abril.
Em suma, a atividade de produtos alimentícios caiu 4,1%, enquanto o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias recuou 4,2% em relação a março. Ambas as atividades impactaram fortemente o resultado mensal e impediram um avanço mais expressivo da produção industrial no mês.
“Os produtos alimentícios registram o segundo mês seguido de queda, muito relacionada à produção de açúcar. Porém, antes dessas quedas, a atividade vinha de 4 meses de crescimento, mantendo ainda um saldo positivo nesses últimos seis meses”, explicou Macedo.
Já a atividade de veículos automotores sofre com “dificuldade de acesso a matérias-primas e componentes eletrônicos”, segundo Macedo. Isso provoca redução do ritmo de produção, ao mesmo tempo em que há paralisações nas jornadas de trabalho.
“Após crescer em março, ela volta ao campo negativo em abril, mas o ritmo ainda é predominantemente negativo, mantendo-se 16,9% abaixo do patamar pré-pandemia. Esta também é a atividade de maior influência negativa no acumulado do ano”, disse o coordenador da pesquisa.
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