Café moído dispara 64,6% em 12 meses e afeta hábitos do consumidor
Muitos brasileiros não conseguem ficar sem o um cafezinho de manhã ou nas horas em que o sono bate forte. No entanto, os preços do item vêm subindo expressivamente nos últimos tempos e afetando o hábito dos consumidores do país.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o preço do café torrado e moído subiu cerca de 52% em 2021. O diretor executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, explica que o principal fator deste forte aumento são os insumos. Contudo, ele cita diversos outros fatores que impulsionaram o preço do café.
“A matéria-prima tem um peso que fica entre 60 e 70% da formação do preço, mas temos outros indicadores que contribuem como, por exemplo, a gasolina, a energia elétrica, o óleo diesel e custos com embalagem que contribuem diretamente com a formação do preço”.
No ano passado, o grão cru de café disparou 155%, segundo o diretor da Abic. Em resumo, o preço saltou de R$ 415,50 em dezembro de 2020 para R$ 1.071 em dezembro de 2021. Aliás, no mercado interno, o café Conilon teve um aumento de 107,9%, enquanto o arábica disparou 200% no país.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também revelou na semana passada que o preço do café moído acumula uma alta de 64,66% entre abril de 2021 e março de 2022. Apenas outros seis itens tiveram uma variação ainda mais expressiva, com destaque para a cenoura, cujo preço disparou 166,17%.
Brasileiro muda hábitos de consumo
Os altos preços do café estão mudando os hábitos de consumo dos brasileiros. Como Celírio Inácio disse, a população do país vem sofrendo com combustíveis mais caros, que encarecem o frete e, consequentemente, diversos outros produtos. A inflação elevada também afeta a renda dos brasileiros, que buscam cada vez mais por promoções.
“O consumidor sempre comprava café para ter um estoque em casa… [mas] não está mais comprando dois ou três pacotes por uma determinada promoção. Ele está comprando aquilo que está consumindo. Está sendo mais cuidadoso porque o café começou a tomar um tamanho maior dentro da sua compra do mês e da semana”, disse Celírio Inácio.
Especialistas dizem que os problemas climáticos vêm afetando a produção e o estoque de café no país. Além disso, o café acumulou uma forte alta no ano passado devido à valorização do dólar ante o real. Em suma, isso fez os produtores venderem mais para o exterior, porque lucravam mais. Como consequência, a redução da oferta interna encareceu o produto no país.
Embora o real esteja bem mais forte em 2022, não há expectativas de redução dos preços do café no curto prazo. Os custos de produção do grão estão bem mais elevados e dificilmente cairão no médio prazo. Por isso, o café deve continuar caro no país pelos próximos meses.
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